A órbita da Terra está cheia de satélites. Temos mais ou menos 3500 satélites ativos e cerca de 10 mil inativos, além de mais de 300 mil detritos, lixo espacial. Você sabia que essa grande quantidade de lixo no espaço pode vir a causar uma catástrofe? Conheça o efeito Kessler e uma possível solução para o problema.
Se você já assistiu o filme Gravidade, deve ter visto que o acidente começa quado a nave Explorer é atingida por uma nuvem de detritos. Essa nuvem seria composta pelos restos de um satélite defunto que foi atingido por um míssel russo, com o intuito de tirá-lo da atmosfera. Ok, isso é um filme. No entanto, existe sim a possibilidade de que os detritos de satélites antigos, ou seja, lixo expacial, colidam com satélites ainda em uso e provoque quedas de serviços que utilizamos aqui na Terra.
Um fenômeno denominado Efeito Kessler prediz a possibilidade de uma reação em cadeia de colisões entre satélites artificiais. Sob as condições de Kessler, cada colisão gera uma nuvem de detritos que fica rodeando a Terra em alta velocidade. Essas nuvens são muito perigosas e é alta a probabilidade de que causem novas colisões com outros satélites, o que aumenta o tamanho da nuvem de detritos. Os detritos podem se alastrar até que não sobre mais satélites na órbita da Terra. Nesse momento, adeus celulares, GPS, previsão do tempo e qualquer tecnologia baseada em satélites. Catastrófico, não?
Nossa sorte é que esse processo é lento e pode demorar décadas até que se torne devastador. Donald Kessler, o astrofísico que em 1978 preveu essa possibilidade, afirma “Isso vai acontecer dentro dos próximos 100 anos. Vamos ter tempo para lidar com isso”.
A ideia de uma possível calamidade levou alguns físicos australianos a trabalharem em um projeto que utiliza lasers para atingir esses detritos e diminuir a quantidade de lixo expacial que gira ao redor do planeta. Estima-se que haja mais de 300 mil detritos (Algumas pesquisas chegam a dizer que o número chega a mais de 500 mil), desde parafusos e porcas até grandes peças de foguetes, a maioria em órbitas baixas movendo-se em altas velocidades (alguns detritos podem chegar a cerca de 20 vezes a velocidade do som, mais de 20 km/h). O grupo australiano tem um contrato com a NASA para rastrear e mapear os lixo espacial usando um telescópio de lasers infravermelhos. O objetivo final do projeto é aumentar o poder dos lasers para iluminar e atingir os detritos de forma que eles queimem e se desintegrem ao passar pela atmosfera. A previsão dos cientistas é que o sistema esteja funcionando dentro de 10 anos.
Fonte: The Guardian